Foz do Iguaçú – Dicas para você aproveitar ao máximo esse destino

Um dos destinos mais consagrados para famílias aqui no Brasil é Foz do Iguaçú. Existem um milhão de artigos desvendando esse destino e não tinha a menor intenção de escrever sobre essa viagem que fiz com minha família. Achava que não teria muito a acrescentar mas acabei descobrindo algumas coisas sozinho e vou compartilhar com vocês.

Quando visitar o Parque Nacional

O Parque Nacional das Cataratas é um passeio obrigatório e eu fui duas vezes. Quando fiz a compra dos ingressos no totem de autoatendimento apareceu a opção para comprar a segunda visita com um ótimo desconto. Decidi comprar e essa foi uma ótima decisão. Nossa primeira visita foi em um Domingo de Sol e chegamos por volta de 10h. Gastamos um bom tempo em filas, o parque estava entupido de gente, até os quatis estavam incomodados.

A trilha simplesmente travou por conta das pessoas que param em qualquer lugar para tirar selfies e como tinha comprado a segunda visita nem entramos na passarela da Garganta do Diabo. Nossa segunda visita foi em uma quinta-feira e decidimos assistir ao pôr do sol. Minha esposa olhou os ingressos e ficou pálida. A segunda visita era válida para o dia seguinte a primeira. Fomos assim mesmo e conseguimos convencer a supervisora do parque a liberar nossa entrada. Na verdade, nem deu trabalho.

Essa segunda visita foi muito diferente e muito melhor. O parque tinha uns 10% do movimento do Domingo, o dia estava lindo e pudemos fazer a trilha toda muito rápido, ir na passarela da Garganta do Diabo, usar o elevador panorâmico (que no domingo ficou reservado apenas às pessoas com dificuldade de locomoção) e apreciar o sol se pondo do mirante lá de cima (que não sei o nome), tudo isso sem muvuca, sem empurra-empurra, etc…. Então se você só tiver um dia para visitar o parque e puder escolher, fuja dos finais de semana e previra o horário mais próximo ao fechamento do parque.

O lado argentino

Minha ideia era fazer o Macuco Safari na segunda visita. Eu sabia que era um passeio caro e estava preparado para gastar uma grana. Mas os valores que tinha pesquisado em alguns artigos (inclusive nos do blog da Sut) estavam desatualizados. Achei que gastaria uns R$170 por adulto, mas o preço atual é R$270 (comprando pela internet fica um pouco mais barato). Isso mesmo. Iria gastar quase R$1000. Esse valor é absurdo. Não conheço a estrutura de custos da empresa que faz esse passeio mas tenho certeza que esse aumento expressivo (sobre um preço que já era caro) demonstra que tem alguém sendo explorado aí…

Lembrei que uma ouvinte do meu podcast me deu a dica de fazer o passeio pelo lado argentino, que é bem mais barato. Decidi testar e venho aqui relatar como funciona o passeio com nossos Hermanos. O Parque das Cataratas argentino é consideravelmente mais longe que o brasileiro, mas é tranquilo de chegar de carro. Mais adiante vou falar um pouco de como é atravessar as fronteiras de carro. Chegamos relativamente tarde, por volta de 12h30 e no estacionamento fomos orientados a estacionar após o último veículo e tivemos que caminhar um bom pedaço até a entrada do parque. Eu havia lido que o pagamento dos ingressos era feito somente com pesos argentinos (o que é absurdo) mas que era tranquilo fazer o câmbio lá na entrada do parque. Isso não é exatamente verdade. Para informação a tarifa para residentes no Mercosul (exceto argentina) é 400 pesos por adulto e 100 pesos por criança de 6 a 12 anos. O estacionamento também é 100 pesos. No nosso caso isso totalizava 1400 pesos. Pelo câmbio extraoficial dos restaurantes de Puerto Iguazú (5 pesos para 1 real) isso dava R$280. Nesse momento você terá duas opções para conseguir os seus pesos. A primeira (indicada pelos atendentes dos guichês) é utilizar uma das lojinhas de souvenires da entrada para comprar alguma coisa e pegar o troco em real. Fui conferir. Afinal poderia comprar uma coca cola e trocar meus reais pela taxa de R$4,80 (praticamente a mesma dos restaurantes lembra…). Mas não era bem assim. A atendente muito sorridente e falando português disse que eu precisaria gastar 100 pesos para cada ingresso que iria comprar, e aí sim ela poderia fazer a troca daquela quantidade. Comecei a me arrepender. Me informei se havia outra opção e existe um ponto de táxi onde um senhorzinho com cara de mafioso faz essa gentileza para os incautos turistas desprovidos de cédulas nacionais. A taxa de câmbio era 4 para 1. Nesse momento já comecei a fazer contas e me arrepender da minha decisão. Resolvi negociar com os taxistas e consegui trocar cada real por R$4,50 o que deu R$310. Menos mal.

O parque argentino tem uma dinâmica completamente diferente do brasileiro. O deslocamento dentro do parque é feito por trilhas e existe um trenzinho que leva até as proximidades do mirante da Garganta do Diabo. Mas o trem não leva da porta do parque até o mirante. Não recomendo a visita para quem tem problemas de locomoção pois tudo dentro do parque fica meio longe, mesmo se utilizando o transporte. A calmaria na entrada do parque e na Estación Central deram lugar a uma multidão na Estación Cataratas, que é de onde parte o serviço que vai até a Estación Garganta. A fila de espera pode chegar fácil a 1 hora e o passeio pode ficar bem sofrido. E como eu disse, as caminhadas fazem parte deste passeio. Da Estación Garganta até o mirante são 1100 metros de trilha (muito boa por sinal) e claro, mais 1100 metros de volta. Lembra que eu disse que se anda muito no Parque?

Para mim, andar em um parque, no meio da natureza, é um programão, ainda mais com as paisagens do parque, que são simplesmente espetaculares. O terreno do lado argentino é mais recortado e a quantidade de quedas é consideravelmente maior. Não é uma questão de mais ou menos bonito. As experiências são muito diferentes e eu achei as duas imperdíveis. Existem algumas (poucas) torneiras com água potável espalhadas pelo parque, portanto leve uma garrafinha. Insetos podem ser um tormento e é importante levar repelente. Com exceção dos passeios, que falarei no próximo tópico, tudo no parque custa caro e a conversão que eles usam, não ajuda muito. Não existe nenhuma restrição quanto a entrada de comida e bebidas no parque, você pode fazer um piquenique se quiser. Outra coisa que reparei é que os quatis argentinos são mais tranquilos que os trombadinhas do lado brasileiro. Mas fiquem espertos pois eles também podem ser agressivos.

Entrando no rio

Agora vamos falar do motivo principal da minha visita: o passeio de lancha pelo Rio Iguaçú. Como já mencionei, desisti do Macuco Safari por conta do preço. Minha ideia era ir para o parque do lado argentino e contratar o mesmo passeio lá. A empresa que opera na Argentina se chama Iguazú Jungle. O stand de vendas deles fica bem perto da entrada do parque, uma área ampla, com alguns restaurantes, lojinhas e centro de informações. Tudo muito tranquilo, bem parecido com o que vimos do lado de fora. Fomos nos informar sobre o passeio e principalmente sobre os preços, pois não tive muito tempo para pesquisar. São oferecidas três opções de passeios. O mais caro e mais longo é o Gran Aventura, que inclui o deslocamento pela selva em um caminhão aberto (parece seguro), navegação de 6km do Rio Iguazú inferior (sendo 2km de corredeiras) e entrada na área das cataratas com aquele banho bacana que a gente já conhece.

O Gran Aventura custa 950 pesos argentinos por pessoa, que podem ser pagos em reais com uma conversão bem mais honesta que a dos taxistas e lojistas da entrada do parque. Esse trajeto leva 1h20 aproximadamente e o ponto de embarque inicial é bem próximo do stand de vendas. A segunda opção é a Aventura Náutica, que é uma espécie de “vamos direto ao que interessa”, que é o trajeto na área das cataratas. Esta opção custa 550 pesos por adulto e tem duração de aproximadamente 12 minutos. Era exatamente o que eu queria. Mas aqui temos um detalhe que eu desconhecia e que quase jogou tudo por água abaixo. Ambos os passeios só podem ser realizados por maiores de 12 anos. Além disso existe uma série de restrições para o embarque de pessoas com algum tipo de limitação, como por exemplo, deficientes físicos, cardíacos, grávidas, com problemas na coluna…. E agora, o que iríamos fazer? Minha filha de 7 anos estava empolgadíssima para fazer o passeio e todos nós queríamos ter essa experiência juntos. Mas não ia dar. A terceira e última opção de passeio, e a única que crianças menores podem participar é o Passeio Ecológico. Um passeio de bote a remo em uma área de preservação pelo Iguaçu superior. Esse passeio dura 30 minutos e custa 300 pesos por pessoa. Menores de até 6 anos (inclusive) não pagam. Todos os passeios preveem um desconto de 20% para jovens entre 12 e 16 anos.

Decidimos que iríamos nos separar (snif). Eu iria com o Renan (14 anos) para a Aventura Náutica e Minha esposa e minha filha iriam fazer o Passeio Ecológico. O horário da próxima saída da Aventura náutica seria em aproximadamente 1 hora. Pedi ao atendente aquele horário e ele disse que não daria mais tempo. “Como assim? Está lotado?” perguntei. Ele me respondeu que o local de embarque era muito distante. Eu precisaria de 1hora e meia para chegar até lá. E era verdade. A caminhada é MUITO comprida, passamos por estradas, trilhas, passarelas e escadas. Muitas escadas. Optamos por uma saída que nos dava duas horas até o embarcadouro. Realmente esse passeio é impossível para pessoas com qualquer restrição de mobilidade, é necessário caminhar por escadarias enormes de pedra, muitas vezes molhadas, o que para mim e para o Renan não foi problema. Minha esposa e minha filha se deslocaram até a estação Cataratas do trenzinho e de lá encararam a fila do trem principal que leva até a estação Garganta do Diabo. O Passeio ecológico tem seu ponto de embarque próximo dessa estação, percorre 3 km do Rio Iguazú superior e termina em um pequeno embarcadouro a aproximadamente 800 metros da estação Cataratas.

Os ingressos para esse passeio são vendidos apenas no embarcadouro, ao contrário dos demais que são vendidos no stand da Jungle na entrada do parque. Isso se explica pois é difícil prever quanto tempo se leva para chegar à Estação de embarque. Como não fiz esse passeio tudo que posso falar é que minha esposa achou bem chatinho e minha filha gostou mas não ficou extasiada. Já eu e o Renan ficamos completamente alucinados com a experiência de entrar dentro do turbilhão de águas formado pelas quedas. O passeio começa tranquilo com o barco longe das quedas, para que todos possam tirar fotos. Depois o guia, que não faz muito além de contar umas piadas sem graça, veste um macacão de astronauta. Após isso você vai se molhar. Mas não é por que vai espirrar água. É por que o barco entra em baixo das cataratas. É a mesma coisa que mergulhar em uma piscina. Cuidado com o celular, principalmente se ele não for resistente à água (como o meu). Resumo da ópera: Gastamos uns 3mil pesos com ingresso e passeios. Em uma conversão simples (dividindo-se por 5) isso dá uns R$580. Dois passeios do Macuco Safari custariam R$540. Na minha opinião a visita ao parque vale independente do passeio pelo Rio, mas se a ideia é ter essa experiência, não tem nem o que pensar.

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