Não só de praias é feito o Nordeste do Brasil. Entre as águas mornas do estado de Pernambuco encontra-se uma capital repleta de História e atrações culturais.
A cidade do Nordeste fica bem no litoral e tem belas praias, sendo a Praia de Boa Viagem a mais importante e conhecida. É de fato uma praia muito bonita, com águas límpidas e azuis. Mas infelizmente, apesar de ser muito atraente, só pode ser admirada, já que o litoral do Recife tem alto índice de ataques de Tubarão (tivemos sucessivos casos em março deste ano). Ao longo da praia existem avisos de perigo, e não respeitar o aviso é uma grande imprudência.
Para os apaixonados por banho de mar, existem cidades próximas que são tão bonitas quanto e são totalmente seguras. É o caso de Porto de Galinhas, com suas já famosas piscinas naturais.
Não ter praias não quer dizer que a cidade não tem o que oferecer ao visitante, Recife compensa, e muito bem, com sua cultura, gastronomia, arte e patrimônio histórico.
O Recife Antigo
Na praça Rio Branco, entre o mar e prédios coloridos, fica o marco circular ou Km 0 (popularmente chamado de Praça do Marco Zero), que marca o local onde os portugueses fundaram a cidade em 1537. Este é o local dos grandes eventos culturais da cidade e ponto de passagem quase obrigatório para os turistas.
A praça é linda e se destaca por ter uma grande rosa dos ventos “estampada” no chão, com uma moldura ao centro de onde começam as medidas oficiais de distância rodoviária. Olhando ao redor da praça você verá vários edifícios históricos com uma bela e imponente arquitetura.
Enquanto você estiver na praça ou em suas imediações você estará repleto de atrações a conhecer e fotografar. É lá que fica a clássica placa da cidade, parada quase obrigatória para aquela tradicional foto. Do lado oposto, atrás do busto do Barão do Rio Branco, fica o Centro de Artesanato de Pernambuco, que vale muito a pena a visita (caso você goste de artesanato).
São belas peças de arte e é um dos locais que você tem vários artigos a disposição para levar uma lembrança (com os nomes de Recife e Olinda gravados). Um pouco mais afastado está o Cais do Sertão, um museu muito interessante que celebra a vida de Luiz Gonzaga e a cultura do Nordeste (confesso que em nenhuma das minhas passagens pela cidade encontrei grandes atrações no local).
Ainda próximo ao Marco Zero está a ilha onde fica o inusitado Parque de Esculturas Francisco Brennand, outro local que nunca nos animamos em passar, mesmo tendo ido à cidade repetidas vezes. Para atravessá-lo é necessário pegar um pequeno barco (você contrata o barqueiro lá na hora).
Saindo do Marco Zero entramos na Rua de Bom Jesus (rua dos judeus), um dos lugares mais legais para você conhecer neste bairro histórico. Comecemos pelo nome: essa rua foi rebatizada por cristãos, tendo em vista que antigamente era chamada de Rua dos Judeus.
Judeus no Brasil? Sim, durante a presença dos neerlandeses no Brasil e com a política de tolerância religiosa implantada pelos seus líderes (se destaca Maurício de Nassau) muitos judeus acabaram chegando na cidade. Depois, quando os portugueses retomaram o controle da cidade os judeus tiveram que fugir e a rua passou a se chamar Bom Jesus.
É nessa rua também que se encontra a sinagoga mais antiga do continente (Sinagoga Kahal Zur Israel). A primeira sinagoga da América foi construída aqui durante a presença dos neerlandeses no país e durante a visita você consegue compreender como eram seus cultos, sua vida religiosa e ver um pouco mais sobre a reconstrução do local.
Depois de expulsos do Brasil os neerlandeses acabaram indo para a América do Norte e fundando a Nova Holanda, onde hoje está localizada a cidade de Nova York.
Próximo a sinagoga temos a Torre Malakoff, local que cumpria o papel de observatório. Você pode subir para ter uma vista parcial da cidade, ou então, participar de alguma atividade cultural, já que o local virou um centro de cultura.
De todas as atividades que existem para serem feitas no Recife Histórico a visita a Torre Malakoff é a que menos chama a nossa atenção.
As Igrejas
Você já pensou em conhecer todas as igrejas do Recife Histórico? Foi essa a missão que nos demos durante um dia inteiro na cidade. Existe inclusive uma organização (feita pela prefeitura) chamada de Recife Sagrado, onde em todas as igrejas da rota são dispostos estagiários de História que explicam um pouco mais das igrejas em que eles se fazem presente.
São várias igrejas católicas e a sinagoga judia. Lançado em novembro de 2014, o Recife Sagrado contempla sete templos: Madre de Deus, Capela Dourada, Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos do Recife, Basílica de Nossa Senhora da Penha, Santa Tereza D’Ávila da Ordem Terceira do Carmo e Nossa Senhora do Carmo e a Sinagoga Kahal-Zur Israel.
Se escrevermos um pouco sobre cada uma dessas igrejas vamos ficar aqui escrevendo até 2025, então vamos destacar apenas a Capela Dourada. Acreditamos que seja a igreja mais bonita do Recife, com estilo barroco e ouro em toda a sua estrutura (daí o nome).
Todas as suas paredes e teto são revestidos de madeira entalhada e muito ouro. É uma capela muito bonita, porém, para entrar é preciso pagar uma tarifa (10 reais em 2022).
A capela fica dentro do Convento Franciscano de Santo Antônio (que fora construído no século XVI), e é a igreja mais visitada pelos turistas. Provavelmente é o local em que você mais demorará na visita caso faça todo o roteiro do Recife Sagrado. Na impossibilidade de fazer todo o roteiro, faça apenas essa igreja, ela já vai “encher os seus olhos” o suficiente.
Cansado de igrejas? Visite a Casa da Cultura de Pernambuco! O prédio funcionou como presídio por 118 anos, até que as autoridades transferiram os presos para outro presídio devido à superlotação. Pouco tempo depois o prédio foi reformado para servir como centro cultural.
Durante a sua estada você também pode visitar o Museu da Cidade do Recife – Forte das Cinco Pontas. Nós já visitamos vários fortes espalhados pelo Brasil e o Forte das Cinco Pontas é o forte que está em melhor estado de conservação.
O local foi erguido em 1630 pelos neerlandeses na tentativa de repelir ataques de futuros invasores. É um dos monumentos mais expressivos do patrimônio colonial brasileiro e tem uma parte de seu prédio dedicado ao museu da cidade. O museu tem vários mapas, fragmentos arqueológicos e sessões de interação entre o visitante e o museu.
Cansamos do Recife Histórico e resolvemos aproveitar outras áreas da cidade. Como não poderia deixar de ser, acabamos indo para a Praia de Boa Viagem. É comparada a Copacabana, uma das mais belas praias, com piscinas naturais criadas a partir da existência de recifes. A praia está localizada na Zona Sul, uma das mais modernas e movimentadas do Recife.
É em Boa Viagem que recomendamos você se hospedar, já que por ser um bairro de luxo você encontrará ótimas opções de hospedagem, além de toda uma gama de bares, restaurantes e vida noturna.
Ainda no bairro de Boa Viagem você encontrará a feirinha de boa viagem e a Igreja de Boa Viagem. Esta feira é uma tradicional feira de rua brasileira, já que em suas barracas você encontrará uma grande oferta de comidas rápidas e vários produtos “made in Recife”.
Vale a pena visitar Olinda? Nós somos adeptos do “slow travel” que é um modo de fazer turismo bem calmamente, mas, caso Olinda esteja no seu radar e você tiver tempo, é possível sim fazer um passeio por lá tendo em vista que a cidade fica a apenas 8 quilômetros do Recife e foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.
Porém não vai ser neste texto que abordaremos Olinda, precisamos de muitas palavras para falar desta cidade e não o faremos aqui.
Se você conhecer todos esses pontos turísticos que listamos aqui uma coisa é certa: você terá fome, muita fome. Mas o que comer no Recife? A gastronomia local mistura influências indígenas, africanas e portuguesas, então os pratos típicos acabam misturando alguns temperos e nos trazem um sabor incrível. Destacamos o caldinho de peixe/camarão que você encontra em vários botecos e restaurantes populares da região, além de carne de sol e caldeirada (que é uma mistura de frutos do mar). A comida mais tradicional da cidade, porém, não é salgada é doce: o famoso bolo de rolo, vendido em qualquer lugar da cidade entre os vários ambulantes (quanto mais turística for a área que você estiver, mais ambulantes vendendo o bolo haverá).
Somos encantados pelo Nordeste, mas o Recife… Tem o nosso coração! Certamente terá mais da nossa presença em um futuro não tão distante.